segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009







Andando na rua hoje, com meu violão debaixo do braço, eis que encontro um ilustre cidadão de Uberlândia: (Senhor) Eduardo Henrique, morador (pelo menos os filhos moram lá) do bairro Brasília (ele disse, mas eu não lembro o nome da rua). E não é que ele depois de pedir um cigarro (sem sucesso) , me pediu o violão?! Entreguei de bom grado, curioso para ouvir o som que viria. Após algumas notas de um solo, ele solta o grito: "dooon letmii daauuunn!" e canta o começo (era até onde sabia, disse) da música do Joãozinho e do Paulinho Macartineizinho (pra nós né?, comentou). Após os aplausos e sorrisos da platéia (meu amigo, eu e uma transeunte), ganhou ainda, ao fim do show, um cigarro pela metade, já queimando e foi o bastante pra sua vontade de pitar e saiu andando, não antes sem as devidas despedidas.
O (Senhor) Eduardo Henrique é uma pessoa bastante agradável e sociável (segundo me pareceu), mas qualquer um podia perceber que ele parecia perdido, não sei, talvez tateando às cega no escuro do asfalto, sem poder se levantar, sem poder ver algum caminho. A mãe dele, como nos contou antes, está com um problema de saúde (parece ser na gargante, pelo que ele colocou as mãos no pescoço) e ele certamente está desempregado ( afinal o que fazia fissurado por um cigarro de camisa e short, levando um guarda-chuva numa segunda-feira quatro horas da tarde?!). Apesar disso tudo, ele ainda sentou num banco, pegou meu violão e cantou, "Don't Let Me Down!".
E eu tentei. Realmente correspondi ao olhar e o sorriso e sorri e apertei sua mão e agradeci com palmas pela música, pelo encontro inesperado, cômico, que insiste em voltar toda hora a cabeça junto com o refrão cantado por aquele ser tão diferente e tão igual, que só poderia ter acontecido numa segunda-feira nublada de verão as quatro horas da tarde nove dias depois de sete de fevereiro de dois mil e nove.
Pra quê mais estamos aqui, senão dar as mãos e não deixar que ninguém esteja caído?

Don't Let Me Down !