segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Luta diária, resistência cotidiana

Todo dia é dia de mudança. A cada amanhacer temos, mais uma vez, a oportunidade de transformar nosso mundo, influenciar as pessoas que nos cercam, sermos a mudança que desejamos ver no mundo1. Quando se fala em mudar o mundo, em revolução, geralmente somos levados a pensar em grandes mudanças estruturais, em socialismo, capitalismo e anarquismo. Aqueles que já estão derrotados, pois já desistiram antes da luta começar, exigem de nós soluções completas e comprovadas para todos os grandes problemas que a humanidade causa a si mesma. E através desses mecanismos, tentam matar em nós a esperança de evolução, aniquilam a vontade para mudar, com argumentos de conformismo e impotência. Não raro, ridicularizam quem fala em revolução, quem deseja e acredita que é possível se fazer um mundo melhor, mais solidário e mais inteligente. Apesar de estarmos todos no mesmo barco, infelizmente há aqueles que por medo e insegurança se convenceram do naufrágio e nada fazem para tirar a água que pode nos levar para o fundo. Em alguns casos, até mesmo ajudam o naufrágio, fazem furos na embarcação, jogam água dentro, pois estão dominados pelo sentimento da tragédia, do fim, da falta de poder.
Nessas horas é preciso ter espírito guerreiro para resistir e não se contaminar com o fracasso pregado pelos que já estão derrotados. Por mais que estejamos todos encarceirados na mesma prisão, há sempre aqueles que não se entregam e mantém o sonho de liberdade. Não existe fuga individual desta prisão, até porque nada existe fora dela. Nós fizemos do nosso mundo, da nossa realidade as grades e barras, cercas e muros que nos prendem. E para derrubá-los, é preciso que todos os prisioneiros se deêm conta de que a chave para abrir os portões está na própria mente de cada um. Assim cada prisioneiro que encontra esta chave, que encontra consigo mesmo e descobre o poder que existe em si, dá seu passo em direção ao fim do temor, da alienação, da subserviência e exploração. E pedra por pedra, a muralha começa a baixar. Como já disse, existem aqueles que não querem ver os muros caídos, que se derrubamos uma pedra aqui, colocam outra mais ali. São estes os carcereiros, os guardas que por estarem no topo dos muros se veêm como livres, ou pelo menos superiores, mas fecham os olhos para o fato de que continuam na prisão, pois nada há fora dela. E muitos, na esperança de um dia serem também os iludidos vigias nas casamatas, ajudam na fiscalização e denunciam os companheiros detentos, afoitos para receberem os prêmios dos detentores, para serem eles também vigias nos muros.
Por isso é que todo dia há de se fazer mudança, no gesto mais simples, na palavra mais comum. Do bom dia que se dá, sincero e verdadeiro, revelando a energia e a esperança de um novo levantar, até a recusa frente às pressões de consumo supérfluo, de mercadorias e opiniões, demonstrado independência frente à lobotomia publicitária. A verdadeira revolução se faz no próprio ser, na formação de valores próprios, de opiniões que vem da reflexão interna, no cultivo da tolerância e solidariedade. A resistência é cotidiana e está nos comportamentos mais básicos, na transmissão de influências positivas à todos que estão à nossa volta e no fortalecimento, a medida em que há o retorno, dessa energia do bem. Lute sem medo e com segurança, pois se existe a hora da queda, também existe a hora da ascensão2.

1: Mahatma Gandhi
2: Hora da Ascensão por Mato Seco

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

poema 28 12

Olhei dentro do poço
Foi triste e abatedor
O que vi
?
Pensei no que poderia ser
Uma porta para o Nada
Um passo final ao
Abismo

Não!
é Negação
Sim!
é uma Afirmação
E talvez
somos Nós

Pensei no que poderia ser
Afinal, Tudo
um caminho novo
Começo
O que vi
?
Consumação e Esperança
Olhando me do topo