sábado, 25 de agosto de 2012


Um sonho de liberdade onde eu possa desapegar de tudo. Ser livre e viver plenamente cada dia sem esquecer que o amanhã pode não vir e o que temos é o agora.
Abraçaria cada livro meu como despedida. Todas as pequnas coisas a que damos valor; discos de música, um baralho de cartas, aquela medalha do campeonato da escola ou qualquer pedaço de bilhete recebido.
Deixaria também todas as grandes coisas que os outros dão valor, fragmentos; um nome, uma reputação, conta bancária e títulos de eleitor e mais. As máscaras que nos são dadas. É cruel pensar que tenho em mim tal contradição tão grande como o poder de ser livre e constantemente me negar a usar. Presos pelos desejos, que nos enganamos pensando serem de outros, (des)equilibrando em cima do muro.
Quem sabe, sobra demais lucidez para virar as costas para a janela e sonhar que a gaiola é liberdade para voar. Falta talvez ou certamente que sim, coragem para verdadeiramente soltar as amarras e caminhar livre para fora da prisão.
Há noites em que tudo o que me atormenta ou mesmo o que mais me preocupa e toma a mente e o coração é esta indecisão inerte. Não será fácil, mas de toda forma haverá dor. É preciso escolher e viver, mas nunca fechar os olhos.

(texto publicado no zine grito#18 - http://zinegrito.wordpress.com/imagens/grito18/)

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Ah!
O prazer de sorrir
frente à tempestade
sentir sereno
                       [ e
vento no rosto
ser o próprio olho do furacão

segunda-feira, 14 de maio de 2012

foto: Brasil de Fato (http://www.brasildefato.com.br/node/9554) - Despejo Ocupação Eliana Silva em Belo Horizonte 11/5/12

2014 vem aí!
A copa (não da casa...)
no Mundo no brazil
milhões em ação (?)
em um só coração: buzinas e apitos, FI !
matracas e chocalhos e cornetas,  FA !
Quem tem casa senta no sofá que já vai começar!
Quem não tem...
ah, quem não tem...
sai fora que o show não pode parar!

domingo, 13 de maio de 2012

Como uma porta, que permite entrar e sair,
mas que deve ser atravessada para alcançar o outro lado.
Uma janela, que permite
ver fora de dentro e
ver dentro de fora.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Pensar Sobre O Trabalho Dá Trabalho


Uma das mais recentes campanhas de foto que está se espalhando no facebook é sobre a greve dos bancários. A foto em questão, mostra um bilhete, abaixo do cartaz dos grevistas, com um recado de um cidadão indignado. A mensagem é a seguinte: "Greve de quê? Ganha mais que eu, trabalha das 9 as 16, não trabalha nem sábado nem domingo, não se suja, não sua, não cansa, só anda arrumado(a). Qual é?"

Em pouco tempo, várias pessoas, num arroubo de rebeldia e indignação saíram do seu comodismo e diretamente do conforto da sua cadeira em frente ao computador, compartilharam a tal imagem, demonstrando sua insatisfação com os grevistas. Tudo isso, embasados na elaborada argumentação do bilhete.

Nessa situação, se vê não só a superficialidade e o vazio que dominam os "protestos" das redes sociais, mas também a desinformação e a desunião do povo, da massa, dos trabalhadores em geral. É o caso do que chamo a dualidade do cachorro na coleira e do cachorro solto.

Sempre que um cachorro passa na rua, feliz e gozando de liberdade, logo um cachorro que está preso, atrás de um portão, late como um louco para o outro. Nada mais do que a expressão de descontentamento de não poder estar lá fora também, de não poder sequer cheirar a bunda do outro que passeia tranquilo por onde quer.

A mesma coisa acontece nessa situação de greve. De um lado um trabalhador que provavelmente executa alguma atividade manual, que exige esforço físico, degrada o corpo e a mente, e no final paga mal. De outro, trabalhadores que exercem um trabalho intelectual, no qual o esforço não fica explicíto, pois é uma atividade de caráter introspectivo e que, por motivos históricos, tem um retorno financeiro maior.

Aquele que se suja, sua e ganha mal fica indignado, com razão, mas contra o alvo errado. O direito de greve é de todos os trabalhadores e é instrumento importantíssimo quando as negociações com os patrões falham. Um trabalhador, ou uma classe, que se opõe ou diminui a greve de outros, nada mais faz do que enfraquecer sua própria defesa, seu próprio direito de também fazer valer sua voz contra aqueles que exploram.

Voltando ao caso dos cachorros, é o cachorro, que trancado, fica fulo da vida com aquele que está solto na rua, ao invés de direcionar sua raiva contra aquele que o prende, o verdadeiro responsável por sua situação, o dono da coleira. Sejam bancários, professores, ou qualquer outra classe cujo trabalho é intelectual, não são eles os responsáveis pelas condições desumanas que possam existir, de maneira mais grave, nos trabalhos manuais. Não é contra outro trabalhador que se deve dirigir a insatisfação com as condições de trabalho, pois não são eles quem ditam essas condições.

Respeitemos então o direito de greve, independentemente de qual classe trabalhadora, e aprendamos a pensar nas verdadeiras causas, nos verdadeiros culpados. Busquemos a clareza para enxergar quem está do nosso lado, no mesmo barco, e quem está de lá, aproveitando-se das riquezas e méritos do nosso trabalho.



"Tem gente que passa a vida inteira
travando a inútil luta com os galhos
Sem saber que é lá no tronco
Que tá o coringa do baralho" As Aventuras De Raul Seixas Na Cidade De Thor

sexta-feira, 24 de junho de 2011

trecho de carta a mim mesmo de 24 de Junho de 2009

[...]da vida humana. Tão diversa e abundante, mas enigmática e perigosa. Se me olho no espelho pergunto, eu sou você ou você sou eu? O quanto eu sou como outro e o quanto sou como eu mesmo? E assim tais perguntas se sucedem nesta busca infindável. A mudança é inevitável, o devir é constante. Nesta teia de paradoxos e incertezas, é estranho e maravilhoso acompanhar a procura por uma definição estável e uma identidade precisa, especial, única. Ao contemplar os abismos, muitos são tentados à pular, somos todos, não? Ninguém pede por uma aventura, com percalços tantos, pedras assombrosas e destino incerto no final, mas sempre se reclama da tediosidade da vida contada, precisa, previsível e decepcionante, normal. Digo então, trilhe caminho, olhos em direção, equilíbrio, sem sim nem não.

sábado, 23 de abril de 2011

Barfly - um filme escrito por Charles Bukowski


Algum tempo atrás, numa avaliação do nível de inglês dos funcionários do lugar onde trabalho, escrevi um texto sobre o filme que tinha visto, Barfly, escrito por um dos caras que mais admiro na literatura, Charles Bukowski. No final procurei fazer uma alusão a um verso de um poema dele, "Dinosauria, we", que também é o título de um documentário sobre ele, "Born into this". Saca só:

Some days ago i watched the movie "Barfly". The movie was written by american writter Charles Bukowski and as the novels he wrote, it shows a drunk and his daily activities. Using the ones who are generally excluded and falsely criticized in our society; drunks, whores, gamblers and others, Bukowski shows his vision of life and this world, especially about U.S.A.
People get too much illusion from government, TV and mainstream media. They live their american dream, walking blindly and wasting their lives, letting others dictate how it should be lived. He, as depicted by himself in his autobiographic character, Henry Chinaski, does not give a damn about this illusion and all he wants is to feel alive, to do something while he lives through this, and dies because of this, with no other option, since we are born into this.


---

Alguns dias atrás eu assisti o filme "Barfly". O filme foi escrito pelo escritor estadunidense Charles Bukowski e assim como os romances que ele escreveu, mostra um bebâdo e suas atividades diárias. Usando os que são geralmente excluídos e falsamente criticados em nossa sociedade; bebâdos, putas, apostadores e outros, Bukowski mostra a sua visão da vida e deste mundo, especialmente sobre os E.U.A.
As pessoas recebem muitas ilusões do governo, TV e a mídia principal/oficial. Elas vivem seu sonho americano, caminhando cegamente e desperdiçando suas vidas, deixando que outros ditem como se deve viver. Ele, como descrito por si mesmo em seu personagem autobiográfico, Henri Chinaski, não dá a mínima pra essa ilusão e tudo o que ele quer é se sentir vivo, fazer alguma coisa enquanto ele vive através disso, e morre por causa disso, sem nenhuma outra opção, já que nascemos nisso.