segunda-feira, 12 de julho de 2010

O Cinza da Cidade


Numa noite, andava pela rua
E desceu de uma luz ofuscante
De um poste na calçada
Uma mariposa, em espiral pelo ar
Colocou-se ao meu lado e disse:

"Quanto cinza
Se abate
Na cidade
Não vi o dia
Mas sei que parece
Noite"


Respondi, perplexo e fascinado:

"Como pode saber
Se nem viu e
O que vê na noite?"


Subindo, de volta ao poste
Cada vez mais perto da luz
Em outra espiral, no ar
Me despediu a mariposa:
"Ai se engana
Na noite e através
Vejo sempre
Melhor que você"


Hoje, sejam dias ou noites
Na cidade
Procuro outras cores
Sempre me surpreende
Dobrando uma esquina
Ou fumando um cigarro
Badalando um sino, subitamente
Na madrugada

É a estranheza da vida
Entra com(o) vento
Através da janela aberta
Esparrama um mar
De vastas possibilidades